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16.04.13
Artigo Publicado: Biological attributes and major threats as predictors of the vulnerability of species: a case study with Brazilian reef fishes
Revista científica: Oryx – The International Journal of Conservation
 
1.O budião-azul Scarus trispinosus endêmico da costa brasileira está ameaçado de extinção devido à pesca predatória de suas populações;
2. Peixes-papagaio comercializados no Brasil: "As atividades pesqueiras já atingiram os níveis mais baixos da cadeia alimentar, ou seja, espécies de
peixes herbívoros. Pescadores os chamam de “peixes coloridos“ e identificam que essas não eram alvos importantes no passado” diz Mariana Bender.
Foto 1: Osmar Luiz Jr.; Foto 2: João Luiz Gasparini
 

Cientistas utilizam características biológicas e principais ameaças para prever o risco de extinção de peixes recifais brasileiros

Os impactos provocados pelo homem sobre a extraordinária diversidade encontrada nos mares continua a crescer. Dentre estes impactos
estão a pesca predatória, a poluição e a degradação e perda de hábitats marinhos. Um dos grupos mais diversos de organismos em nossos
mares está o dos peixes, especialmente aqueles que utilizam ambientes conhecidos como recifes, formados por coral, rochas, ou até mesmo
ambientes artificiais como naufrágios.

Com tantas pressões sobre as espécies dos nossos oceanos, sobretudo peixes, existe um esforço muito grande para avaliar o seu estado de
conservação. Além da IUCN (Internacional para a Conservação da Natureza; www.iucn.org) ter criado grupos de especialistas para avaliar
conjuntos de espécies, como tubarões, por exemplo (IUCN Shark Specialist Group), agências estaduais e nacionais, como o Ministério do Meio
Ambiente e o ICMBio, têm reunido pesquisadores para analisar o grau de ameaça à espécies cada vez mais frequentemente. Entretanto, dados
populacionais necessários em avaliações deste tipo não existem para a maioria das espécies, incluindo aquelas que vivem nos ambientes
recifais. Ao longo da costa brasileira, por exemplo, existem cerca de 559 espécies de peixes recifais, sendo que 12% delas são endêmicas, ou
seja, ocorrem apenas no Brasil.

Recentemente publicado na revista Oryx, o artigo intitulado “Atributos biológicos e ameaças como preditores da vulnerabilidade das espécies:
um estudo de caso com peixes recifais brasileiros” avaliou todas as espécies conhecidas de peixes recifais brasileiros através da combinação de
características biológicas das espécies e das principais ameaças sobre esses organismos. Dentre as espécies avaliadas, 36 espécies de peixes já
são considerados ameaçados de extinção. “Muitos estudos mostram que as populações de peixes recifais estão em declínio em todo o mundo.
Infelizmente, as espécies Brasileiras seguem esta mesma tendência e não existem dados populacionais ou de estatística pesqueira para todas as
nossas espécies, dificultando a determinação de seu estado de conservação. No entanto, dado o crescente impacto humano sobre os
ambientes marinhos é fundamental que se utilize todas as ferramentas disponíveis para avaliar essas espécies, gerando informações e que
possam orientar ações reais de conservação”, diz a autora Mariana Bender.

O grupo de pesquisadores que realizou o trabalho aponta que tubarões e raias e peixes endêmicos são os mais vulneráveis entre peixes recifais
brasileiros. Além disso, eles descobriram que o tamanho do corpo e posição na cadeia alimentar são atributos importantes para predizer a
vulnerabilidade de peixes à extinção. “Além de ser um importante alvo da pesca, os peixes de grande porte possuem características que
contribuem para aumentar a sua vulnerabilidade, como o crescimento lento, maturidade tardia, e até mesmo a desova em agregações, como é
o caso de algumas espécies de garoupas”, diz Mariana Bender. Predadores de topo de cadeia alimentar também estão entre as espécies mais
vulneráveis: 58% das espécies de peixes recifais ameaçadas no Brasil são carnívoras, como garoupas e badejos, geralmente os principais alvos
da pesca.

O modelo desenvolvido neste trabalho revelou a combinação de fatores que podem aumentar a probabilidade de uma espécie ser ameaçada,
como peixes com cuidado parental de ninhos (ninhos ou desovas). Outra associação preocupante resulta da combinação de endemismo e
grande tamanho corpóreo, que é o caso do budião-azul Scarus trispinosus (ver figura). “Essas combinações perigosas, como podemos
chamá-las, podem ser aplicadas para prever quais espécies de peixes apresentam maior risco de extinção antes mesmo de se obter dados
populacionais mais refinados ou de estatística pesqueira, o que demanda tempo e recursos financeiros. Além disso, essas categorias podem ser
aplicadas também para outras regiões do mundo, como o Caribe e o Oceano Pacífico”, explica o Dr. Sergio Floeter.

“O principal objetivo do nosso trabalho é ser aplicado em futuras avaliações do estado de conservação de peixes recifais, bem como por
gestores na elaboração de planos de manejo e recuperação de espécies”, observa Mariana Bender.

Juntamente com Mariana G. Bender e Sergio R. Floeter, a publicação contou com a colaboração de Natalia Hanazaki, Carlos Eduardo L.
Ferreira, Alfredo Carvalho-Filho, Fernando Mayer, Daniele Vila-Nova e Guilherme Longo.

Acesse a publicação neste link: http://dx.doi.org/10.1017/S003060531100144X

 

 
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