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21.05.13
Pesquisa liderada por UFSC dá um panorama de vida marinha no país
 

Retratos da vida marinha brasileira elaborados por pesquisadores de todo o país serão apresentados ao longo desta semana, em Florianópolis.
Os trabalhos da Rede Nacional de Pesquisa em Biodiversidade Marinha, a Sisbiota-Mar, capitaneados pela Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC), serão apresentados no Congresso Brasileiro de Biologia Marinha até o próximo dia 23. No último final de semana, reuniões na
UFSC elencaram algumas conclusões e apontaram que o mar catarinense já esteve melhor em diversidade de espécies.

A Sisbiota-Mar reúne projetos de pesquisadores de pelo menos 10 instituições do Brasil desde 2011, com o objetivo de se elaborar um
panorama inédito e integrado dos seres que vivem no mar do litoral do país. Expedições evidenciaram regiões que ainda apresentam as
mesmas formações de corais denunciadas em registros da década de 1960 e outras que requerem mais cuidados.

O professor do Departamento de Zoologia e Ecologia da UFSC e um dos coordenadores da rede, Sergio Floeter, considera que, no
levantamento geral, Santa Catarina está entre as intermediárias em preservação. Mas o cenário já foi melhor, como complementa o professor
Alberto Lindner, do mesmo Departamento da UFSC.

— Registros da década de 1960 apontam que, em um dia, se pegou três meros e dois tubarões magona na Ilha da Galé (que integra a Reserva
Biológica Marinha do Arvoredo). Hoje, eles são encontrados longe da costa ou somente em mar aberto — relata.

A pesca e a poluição são os principais motivos apontados para o desaparecimento dessas espécies maiores em praticamente toda a costa do
país, por terem atingido peixes menores que serviam de fontes de alimento. O quadro pode ser revertido caso haja o aumento da preservação,
contribuindo para o aumento de populações.

Entre as boas surpresas dos estudos no país estão a Ilha de Alcatrazes (SP) e Parcel de Manuel Luís (AL), que revelam uma grande quantidade
de espécies variadas, de tubarões a garoupas. De acordo com os especialistas, são esses locais que dão as pistas da abundância de peixes que
existia provavelmente na maior parte da costa brasileira.

Já foram investidos na Sisbiota-Mar cerca de R$ 1 milhão de órgãos de fomento à pesquisa. Metade veio do Conselho de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq) e o restante da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc).

O projeto foi inicialmente previsto para ter duração de três anos, mas os estudiosos preveem a continuidade da rede, em prol do
compartilhamento de dados entre as instituições.

Necessidade de áreas de proteção

Ao promover o conhecimento da riqueza marinha no Brasil, a rede Sisbiota-Mar também evidencia a importância de áreas de preservação no
litoral. As duas Rebios do país, a de Atol das Rocas (RN) e do Arvoredo, entre Bombinhas e Florianópolis, em comparação com outras áreas do
país, ainda se destacam em quantidade de peixes.

De acordo com levantamento dos pesquisadores, apenas 2% dos 3,6 milhões de quilômetros quadrados de mar do país está em área marinha
protegida. Destes, só 0,14% estão em áreas de proteção integral.

Dados devem ser passo para outras pesquisas

As informações coletadas e compartilhadas na rede são o ponto de partida para comparações entre populações entre países e até para o
desenvolvimento de medicamentos. Pesquisadores da Universidade Federal do Ceará, que também integram a rede, analisam o potencial de
substâncias de bactérias encontradas em corais ao longo do litoral. Informações preliminares apontam que o coral baba de boi pode ajudar no
tratamento contra o câncer de próstata e leucemia.

As coletas de material são feitas no Ceará, na Bahia, no Rio de Janeiro e em Santa Catarina, na região da Ilha do Arvoredo. A mestranda em
Farmacologia da Federal do Ceará, Bianca Del Bianco Sahm, explica que ainda há um longo percurso até se comprovar a eficácia das
substâncias. Porém, para ela, o intercâmbio de informações entre as universidades pela Sisbiota-Mar ajuda bastante.

— Ainda é tudo muito inicial. A cada 5 mil substâncias descobertas, só uma entra no mercado. Mas os trabalhos continuam e essa interação com
outros trabalhos na rede é bem importante — relata.

Outra integrante da rede é a mestranda em Ecologia na UFSC, Júlia Nunes de Souza. A estudante faz parte da equipe que percebeu que os
corais de fogo encontrados no Brasil, entre o Maranhão e o Rio de Janeiro, têm uma diversidade genética menor do que aqueles encontrados
do Caribe. Na prática, isso os torna mais vulneráveis aos impactos ambientais, reforçando a importância de preservação da espécie.

— Por serem formações mais recentes, eles acabam sendo mais suscetíveis aos impactos — ponta a estudante.

Por Gabrielle Bittelbrun.

 
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